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segunda-feira, 21 de março de 2011

Patti Smith: Só garotos



Quando resolvi comprar Só Garotosconfesso que não conhecia a obra de Patti Smith assim tão bem. Sabia que ela era uma artista ligada a performance e poesia, entre outros tipos de expressões artísticas. Mas não sabia que mais tarde se tornaria a grande referência punk americana.

No decorrer do livro, descobri que além de ser uma talentosa artista, Patti era uma mulher muito inteligente e corajosa. Uma vez que a menina que tinha nascido em Chicago, se mudou para a Nova Iorque de 60/70 com uma mão na frente e outra atrás. 

Enquanto a cena de artes e música estava começando a acontecer, Patti que não possuia recursos financeiros para se manter, dormia cada noite num lugar diferente, vivia de bicos e empregos em lanchonetes. 
Patti Smith era obrigada a sobreviver pelas ruas de NY. Mas sempre otimista, ela acreditava que algo de fantástico estaria a sua espera, e assim ia levando.

Foi numa dessas, que conheceu o jovem Robert Mapplethorpe, com quem a partir de então, iria dividir uma boa parte de sua vida.
Os dois juntos, iriam descobrir a intrigante e encantadora New York da época, criar e dividir suas artes e mais tarde compartilhariam até seus próprios amores.

Chegaram a morar no disputado Chelsea Hotel. Hotél histórico onde na época abrigava personagens ilustres como Iggy Pop, Charles Bukowiski, Bob Dylan, entre outros....
E serviu de cenário para loucuras e mortes trágicas de pessoas que por algum motivo, eram simbolos da época. Como quando Edie Segdwick, drogada e alcoolizada tacou fogo nas cortinas de seu quarto e quando houve a trágica morte de Nancy Spungen. (Sid & Nancy).

Robert tinha uma imensa vontade de fazer parte da cena de Wahrol e se tornar amigo dos principais artistas da época. Frequentar a famosa Factory era sua meta mais importante. 
Então ele e Patti passaram a ir regularmente ao restaurante mais quente da época, o Max's, onde toda a cena Warhol costumava circular.

Me surpreendeu a atitude de Patti diante das musas pertencentes a Factory. Uma vez que todas eram lindas e deslumbrantes, e Mapplethorpe era atraente. Homens e mulheres davam em cima dele. E Patti sabia.
Já Patti não era bonita e tinha uma aparência masculinizada, o que hoje em dia chamaríamos de androginia. Porém, sua segurança a tornava imensamente interessante, e fazia com que ela não se encomodasse com todo o assédio em torno de Robert.

Só Garotos prendeu ainda mais minha atenção pelo fato de mencionar várias vezes, pessoas que me inspiram, como Edie Sedgwick, Jim Morrison e Janis Joplin.

Uma leitura romântica, mas ao mesmo tempo provocante, Só garotos faz o favor de instigar e encorajar quem sente vontade de se expressar através dos mais variados métodos artísticos, mas que por algum motivo não encontra inspiração.

E ajuda quem já está no caminho da arte, na forma de mais uma obra linda na qual devemos admirar o relacionamento entre pessoas que mutuamente se respeitam, e buscar aquela inspiração da qual necessitamos dia após dia para continuarmos produzindo e nos sentindo vivos.



Self portrait de Robert: Foi o início de sua carreira como fotógrafo;


A androginia de Patti; Nesta foto ela já está mais velha;


Patti & Robert: Casal quente da época;


Abaixo, algumas fotos de Robert, que havia se tornado um fotógrafo respeitado e conhecido;




Robert ficou famoso por suas fotos que remetiam a sexualidade, principalmente a masculina; Mas devido a sua influência pelo sado masoquismo, algumas de suas obras não foram permitidas para exibição;


Patti, que era a companheira, confidente e melhor amiga de Mapplethorpe, era fotografada constantemente por Robert; mais tarde ele assumiria sua homosexualidade;